Jornalista: Tatiane Bortolozzi
Veículo: Valor Econômico
As mil empresas que mais investem em inovação estão gastando US$ 647 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) neste ano, um valor recorde, mas com aumento de apenas 1,4% em relação a 2013. No Brasil, os investimentos somam US$ 2,65 bilhões, com queda de 12,2% sobre os US$ 3,02 bilhões apurados em 2013. Na comparação em reais, a queda é de 3,4%, para R$ 5,88 bilhões.
Empresas brasileiras
Posição 2014 | Posição 2013 | Empresas | Gasto em pesquisa e desenvolvimento em 2014 (US$ bilhões) |
128º | 119º | Petrobras | 1.130 |
166º | 95º | Vale | 826 |
492º | 985º | Embraer | 204 |
739º | 714º | Gerdau | 125 |
879º | 902º | Totvs | 99 |
938º | - | Eletrobras | 91 |
978º | - | Natura | 85 |
980º | - | Weg | 85 |
O Brasil adicionou três empresas e perdeu uma na lista das mil maiores de capital aberto que mais investem em P&D no mundo. A lista é elaborada pela consultoria americana Strategy&, antiga Booz & Company.
As novatas são Natura, do setor de cosméticos; WEG, fabricante de motores elétricos e Eletrobras, holding do setor de energia. A CPFL Energia saiu da lista deste ano porque seu investimento ficou abaixo do nível de classificação.
A Vale, que liderou a lista das brasileiras nos últimos anos, foi ultrapassada pela Petrobras. A mineradora caiu 71 posições, enquanto a petroleira avançou 9, assumindo a melhor colocação entre as brasileiras. As duas empresas diminuíram seus investimentos, mas em proporções bem diferentes. A Petrobras os enxugou em 1,8%; a Vale, em 44,8%, em relação a 2013.
Enquanto o Brasil mostrou recuo nos investimentos em P&D, a soma de investimentos das mil empresas globais soma US$ 647 bilhões em 2014 - valor que supera o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina ou da Colômbia. Mas o ritmo de avanço diminuiu para 1,4%, uma das menores taxas da série histórica.
Fernando Fernandes, sócio da Strategy&, diz que o crescimento global mais lento dos gastos em P&D reflete a situação econômica delicada, mas também a possibilidade de uma melhor capacidade de distribuição de investimentos pelas empresas: "Várias delas são mais eficientes no uso de recursos hoje do que eram há dez anos. O avanço no aprendizado, o alinhamento da pesquisa à estratégia de negócio e a melhora das ferramentas se traduzem em ganhos de eficiência e melhores investimentos."
Empresas com sede na América do Norte, Europa e Japão continuam a dominar o investimento em P&D, mas com fatias menores do que tinham no passado. A América do Norte aumentou seus gastos em 3% neste ano; a Europa, em 2%. Já o Japão reduziu em 14%. "Isso abriu espaço para que outras companhias, como as brasileiras, ganhassem espaço. A adição no ranking é, também, consequência de um histórico de decisões acertadas das empresas nacionais, que aparecem agora", diz Fernandes.
Hoje, a maioria dos gastos em inovação (52%) vai para produtos. Em dez anos, a expectativa é que os serviços ocupem a liderança, com uma fatia de 62%. Segundo o sócio da Strategy&, as empresas estão mais voltada para a inteligência de uso de recursos, bens e produtos do que para a criação de tecnologias que representem uma ruptura com padrões anteriores. Ele observa que, enquanto alguns segmentos reduzem de forma consistente o investimento em P&D, o setor de software e internet lidera a categoria há anos.
A Volkswagen e a Samsung continuam no topo da lista, seguidas por Intel e Microsoft, respectivamente. Google desbancou a farmacêutica Pfizer.
A Natura lançou 179 produtos em 2013 e obteve mais da metade de sua receita como resultado de práticas de P&D. "A inovação tem de ser central na estratégia de negócio. Não é apenas uma área, mas permeia a cultura do grupo", diz Gerson Pinto, vice-presidente de inovação da Natura. A empresa destina cerca de 3% da receita líquida anual ao segmento.
Da receita anual da Weg, 2,7% é investida em inovação. Como resultado, em 2013, 65,1% do faturamento do Grupo Weg veio de produtos lançados nos últimos cinco anos. Na unidade de motores, o índice corresponde a 83%.
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Acesso: 28Out14, às 14:01